Pelas ruas em luta: a busca por pão e circo

domingo, 6 de fevereiro de 2011

 A vereadora de Pouso Alegre Rogéria Ferreira (PMDB) usou nesta semana a expressão "pão e circo" para qualificar a Administração Municipal. A vereadora fazia referência a um movimento de pressão da classe artística da cidade a algumas ações do legislativo, julgando não passar de uma tentativa de desviar a atenção para problemas do executivo. O secretário de Cultura, Rafael Huhn, nega que esteja orquestrando o movimento, mas há quem veja a questão de outra forma, até porque um dos principais incentivadores da manifestação na rede social Facebook, por acaso ou não, é assessor da prefeitura.

 Verdade, mentira, pura coincidência... polêmicas de lado, ou não ;), o detalhe é que na hora de selecionar as imagens da semana me dei conta de que, sim, podemos classificar essa semana como aquela em eu vi muita gente lutando para garantir o seu "pão" e o seu "circo" de cada dia. Acompanhem.

Segunda, 30/01

Para donos de vans escolares, a semana de volta às aulas começou com incertezas: para trabalhar, eles precisam fazer a inspeção veicular nas vans, mas a cidade não tem oficina credenciada. O secretário de Trânsito, Marco Aurélio da Silva, deu o prazo de uma semana para a situação seja resolvida.

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Terça, 01/02


 Artistas fizeram passeata até à Câmara Municipal para pressionar vereadores

Uma briga de emendas orçamentárias começou em dezembro, quando a Mesa Diretora da Câmara de Pouso Alegre colocou a votação em bloco, dificultando a rejeição de algumas propostas (se alguém fosse contra uma emenda, automaticamente, iria contra todas as outras 99), mas, na verdade, é o ápice de um embate político que se acirrou em 2010 e respingou neste início de fevereiro. A falta de diálogo entre Câmara e Prefeitura gerou uma queda de braço que agora toma proporções maiores que as imaginadas.

Os artistas que compareceram à Câmara nesta semana, após promoverem a passeata pela Cultura, tomaram a defesa da ideia de que algumas emendas tiram verbas do setor, recursos que, muitas vezes, financiam projetos que levam de graça à população música, teatro, literatura e dança. Os vereadores, especialmente Rogéria Ferreira e Laércio Faria (PTB), autores das emendas, argumentam que emendas são autorizativas apenas, que o executivo é quem define as prioridades no final, que o papel da Câmara é fiscalizador.

No fundo, cada lado tem sua razão, mas a verdade nua e crua está longe de ser confessada.

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Quarta, 02/02


Parte baixa da rua Monsenhor Dutra: água chegou a mais de um metro de altura

 Depois de dias com muito sol, a chuva veio, feliz ou infelizmente, para lembrar o quanto falta infraestrutura na cidade para lidar com os rumos que a água toma. A chuva durou cerca de quarenta minutos na tarde de quarta-feira. Inundou ruas do centro e o bairro Vale das Andorinhas. O vento forte que acompanhou a chuva destelhou uma construção no bairro São Geraldo. Vários bairros de Pouso Alegre ficaram sem energia elétrica porque galhos de árvores atingiram a rede. Depois que a chuva passa, será que o que resta a fazer é limpar?

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Quinta, 03/02

O meu caminho se cruzou com o da Pastoral de Rua nesta semana, logo de manhã. Minha editora na Rádio Difusora me escalou para cobrir o trabalho dessa equipe, que todos os dias leva aos moradores de rua algum tipo de ajuda, uma janta, um café, uma roupa limpa, um banho. É claro que perguntei se há um incentivo para tirá-los da rua, afinal, dar comida e banho acaba levando para o caminho inverso, não acham? E uma das participantes da Pastoral me contou que eles tentam enviar os moradores de rua para casas de recuperação, a maioria tem entre 18 e 30 anos e é viciada em algum tipo de droga. A Pastoral auxilia cerca de 40 moradores de rua por dia.

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Sexta, 04/02



David, 7 anos, testa um dos novos ônibus que passam a circular com acessibilidade em Pouso Alegre

 O David até que testou, divertiu-se com o que para ele é uma novidade, mas no bairro onde o menino mora. zona rural de Pouso Alegre, circulares adaptados sem previsão de estréia. Foi o que me disse o gerente da empresa de concessionária do transporte coletivo, Rogério Bertolucci.

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Uma história de rua

Jucelino Ferreira Belarmino tem 33 anos de idade e há quatro mora nas ruas de Pouso Alegre. A sua história é a seguinte: morava em um bairro próximo ao centro da cidade, no Fátima, separou da esposa, ficou três meses viajando e voltou para cá sem emprego, sem família e com o vício: a bebida alcoólica. Faz um ano que é acolhido pela Pastoral de Rua. No dia da entrevista, aguardava com ansiedade uma notícia: "Eu estou esperando uma internação... para sair da rua e parar com a bebida.", conta. "Eu, na rua, bebo. Bebo o dia inteiro, bebo 24 horas."  Ao parar com a bebida, Jucelino tem planos: arrumar serviço, ter documentos, os documentos de um pai, que tem um filho de 14 anos e uma filha de 7.

Comments

2 Comments

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Anônimo disse...

O comodismo e o interesse individual marcaram presença e mostraram a cara de parte dos cidadãos Pousoalegrenses interessados, como vc disse, em garantir seu pão. Eu pergunto: não é um pão especial? Quantas pessoas usufruem destas somas vultuosas?
Os que participam não são os mesmos sempre?

Anônimo disse...

Pois sim, isto demonstra que tudo não passa de um ciclo vicioso. Ainda, as mazelas são mantidas porque é usada por alguns como forma de manutenção de seus sistemas inertes. Agora, o que teremos nesta semana? Novos acontecimentos?! Mudam-se os atores e os palcos, mas os fatos... são os mesmos.

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