O homem forte de Minas

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tenho ouvido de pessoas que Aécio Neves é apenas uma figura ilusória de Minas Gerais. Sua popularidade, segundo esses argumentos, não passaria de uma interessante jogada de marketing. Seja lá o que for que está por trás do político mineiro, é impossível negar que o grande vitorioso das eleições 2010 foi ele.

Aécio Neves começou o ano sem ser o nome do PSDB para a disputa da presidência da República. Foram meses de queda de braço com o tucanato paulista (que, a bem da verdade, tinha uma certa simpatia por ele). Mas Aécio não perdeu a disputa. Abriu mão dela. É o que consta nos relatos oficiais e nenhum dado de bastidor se contrapôs a isso. O PSDB nacional, sim, perdeu, colocado numa saia para lá de justa. Tampouco o mineiro aceitou a candidatura de vice, "respeitando a capacidade política do partido", disse.

Então, lá se foi Aécio para o seu "humilde" Senado, levando consigo Anastasia e Itamar Franco. É certo que Itamar (PPS) conferiu ao partido em Minas um voto a mais de credibilidade e segurança - até hoje é um dos poucos políticos brasileiros contra quem pouco ou nada pesam. Mas é certo ainda que o marketing mineiro conseguiu provar para o eleitor a frase dita em Pouso Alegre, durante a campanha, por Aécio: "meu governo não é o governo de um homem só. É o governo de muitos homens. E Anastasia é o principal deles."

Se Aécio, ou o tucanato mineiro, quis levar ao pódio o presidenciável do partido? Note-se que em parte do material de propaganda entregue aos eleitores em todo o Estado a colinha não tem o número 45 para Presidente. O número está em branco. E, na prática, Serra perdeu para a Dilma em Minas Gerais (31% contra 46% dos votos válidos para a petista).

O governo de muitos homens está na apoteose política. O tucanato nacional pode tirar uma grande lição disso.


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